
Neste dia, o Igor, parecia mais agitado do que o normal, pulando, correndo, para só de vez em quando “aterrissar” na proposta da capoeira. O menino conseguiu contagiar parte da turma e num dado momento apenas metade das crianças conseguia executar o movimento proposto, enquanto a outra metade se entregava aos deleites das brincadeiras infantis.
Quando quase no fim da aula lançamos uma proposta de pesquisa para os pequenos, com o tema da influência cultural da África na cultura brasileira, todos se mobilizaram e até a Fernanda que tinha ficado distanciada se integrou e compôs uma equipe. Eles pareciam eufóricos com a idéia do trabalho.
Antes de finalizar a aula, porém, o mistério da Fernanda não querer participar desde o início se revelou: ela explicou que não suportava o Igor e que não queria treinar com ele de jeito nenhum! Lembrei do Saint-Exupéry e citei aquela frase de que para enxergar as borboletas precisamos suportar as lagartas, arrematei falando das roseiras e suas exuberantes rosas perfumosas, acompanhadas de espinhos cortantes e contraditórios na composição geral da planta. Fernanda, na metade da minha fala já parecia meio entediada, como que a reclamar de um excesso de açúcar no meu discurso. Contudo, uma terceira pequerrucha, a Ana Tereza, levantou a mão e disse se dirigindo ao Ricardo:
Fessorrrr, quando eu morava em Berrrlândia,eu quis pegar uma rosa, então eu tirei os espinhos dela para não me machucar e fiquei com a rosa.
Ver o mundo com olhos de inocência... e a gente procurando conviver com as diferenças.
Axé!
Carmem P.
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