segunda-feira, 18 de julho de 2011

Reflexões sobre o processo educativo na Capoeira Angola

Quando comecei a praticar Capoeira Angola dentro da ACESA, Associação Cultural Eu Sou Angoleiro, a primeira coisa que me chamou atenção foi o silêncio que reinava no espaço. Lembro-me como se fosse hoje do meu primeiro dia na associação....  Cheguei a uma salinha de três por três no décimo segundo andar de um prédio no centro de Belo Horizonte, o mestre João estava sentado só, folheando uma revista ou um livro. Com a cabeça ele indica o assento ao seu lado e eu sem entender bem onde estava simplesmente sentei.  Passou mais um tempo e um rapaz mais ou menos com minha idade chegou, não se sentou, de imediato pegou uma vassoura e começou a limpar o chão.  Um homem, já mais velho chegou logo em seguida, pegou um balde, encheu-o de água e começou a regar as plantas.  E a cada instante mais um chegava e nenhum ficava à toa, todos faziam algo pelo lugar.  Esse foi meu primeiro espanto: a quantidade de coisas pra se fazer num espaço tão pequeno.

Preparativos para mais uma roda de sábado no espaço da ACESA
na Rua da Bahia, 570 - 12ºandar - centro

Com toda a casa limpa, incensada, com os instrumentos afinados e vários tocadores já tocando, os outros que já haviam acabado suas tarefas, junto com os que ainda chegavam sentavam no entorno da sala, mantendo seu centro livre.  Ninguém conversava.  De repente, o mestre que no meio da arrumação havia sumido, reaparece, pára no meio da sala, levanta as mãos e canta emocionadamente:

Eu vô lê o abc,
 pra jugá cum vozmicê,
meu camará...
Iê aruandê.
Iê aruandê camará

 Todos que estavam na sala responderam em belo coral.  Eu que no meio da arrumação fui mudado de lugar várias vezes, estava sentado no chão junto aos outros, sem saber ao certo o que fazer. O mestre no meio de uma cantoria aponta as duas mãos para um rapaz que imediatamente começa a entoar os versos que ele cantara primeiro.  Com dois passos pra frente o mestre desce seu corpo de cócoras com as mãos postas como em oração, todos a exceção de mim, naturalmente se levantaram, acharam um lugar onde se sentissem confortável e elaboraram o mesmo movimento.   Nesse dia, fui embora sem entender muita coisa.  Um mês depois voltei e me estabeleci lá fazendo parte hoje do quadro de bases da ACESA. Anos mais tarde relacionei esta vivência com a fala de Antonio Carlos Gomes da Costa, no curso Educação Interdimensional do Ser Humano, realizado na Associação Querubins, em outubro de 2003, na qual ele afirma que “o exemplo não é a melhor forma de se educar, é a única”.
Quando assumi no ano passado, as aulas da unidade Nossa Casa Escola Integrada, na ONG Corpo Cidadão, deparei-me com um desafio: os educandos eram crianças.  Já havia trabalhado com crianças tanto no Corpo Cidadão quanto na Associação Querubins, mas em turmas heterogêneas, compostas de adultos, adolescentes, idosos e crianças.  Era a primeira turma que eu trabalharia, composta só de crianças, entre sete e oito anos, contando cinquenta meninos ao todo.  Algo revirou dentro de mim.

Educandos do Nossa Casa brincando
             
A Capoeira Angola quando trabalhada com jovens demanda muita disciplina, e depois que a energia é descarregada com muito trabalho físico, a palavra acontece. Mas naquela turma só de crianças eu não sabia o que fazer.  Nem eu, nem eles.  De um lado se era minha primeira experiência como educador de Capoeira Angola para crianças tão pequenas, por outro lado era a primeira vez deles em várias descobertas perante a vida, e eu muito provavelmente acompanharia algumas delas.
No primeiro dia achei que não sobreviveria.  Todos enlouqueceram no projeto.  Educandos não sabiam o que fazer, educadores muito menos.  Quando enfim conseguimos separar as turmas a situação piorou, eu estava sozinho com um grande grupo. 
Um dia, diante daquele corre corre, lembrei do meu primeiro dia na ACESA, então levantei, peguei uma vassoura e comecei a varrer a sala,  não pedi para que me ajudassem, ia varrendo e pedindo licença.  Fiz isso durante a aula inteira, como eles não paravam de correr na sala, a poeira sempre voltava e eu voltava a varrer até que uma vozinha interviu, dizendo:- Ou, o fessôr ta varrendo a sala, mas não adiantou muito, contudo era um sinal de que alguém tinha me notado.  Eu ia dando seqüência ao dia e enquanto a primeira turma ia para outra aula, eu arrumava os instrumentos e começava a tocar.  A segunda turma chegava e começava o corre corre, de repente um parava e ia tocar aí eu dizia que se ele tocasse o instrumento ele teria que ficar tocando  até o fim da aula.  Os que pegavam, largavam logo em seguida e rapidamente voltavam para tocar de novo, nessa hora eu dizia que eles não poderiam tocar mais, porque eles haviam largado o instrumento.  Por vezes me responderam sorrindo, e daí?, e eu respondia, daí que é assim.  Se alguém me respondesse isso quando eu era criança com certeza eu não me contentaria, mas eles não queriam escutar explicações.

Educandos do Nossa Casa limpando a sala para aula de Capoeira Angola

Uns dias eu tocava, outros me movimentava, mas a limpeza do espaço e organização dos instrumentos eram (são) práticas diárias.  Claro que por vezes falhamos.
Um dia alguém estava varrendo comigo e duas vozezinhas já defendiam o espaço.  Alguns já tocavam durante toda a aula e vários já faziam os movimentos corporais.  Os vínculos criados eram os mais diferentes, fazendo com que eu percebesse o óbvio, cada um tinha sua própria historia e certamente, mesmo utilizando as mais variadas metodologias, as particularidades e complexidades de cada ser humano geram sempre uma possibilidade de não adequação exigindo do educador flexibilidade para reinventar a prática educativa. Sendo assim cabia a mim enquanto educador, a disposição criativa de tornar nosso momento, a aula de capoeira, prazerosa a todos.
Observei o quanto a rotina era importante, buscando porém respeitar o momento e a vontade do outro.  Se o educando não queria tocar, cantar, movimentar, limpar, o que ele poderia fazer?  Pastinha disse: ninguém joga do meu jeito,mas no jeito de cada um existe um pouco da sabedoria que um dia eu aprendi. Isso vale no processo de aprendizado técnico da capoeira angola e como a capoeira se mostra na roda.  Nós praticantes enxergamos esta roda como uma forma de representar nossos valores, individuais e sociais, além de nossos sentimentos, portanto eu deveria repassar esse conceito à própria vida.  Sendo assim havia o momento de tudo, inclusive do ócio.  Fizemos o combinado de conversar sobre o que seria feito no dia para que evitássemos possíveis desencontros.  E assim seguimos.
Com o tempo não havia mais espaços vazios.  Todos tinham sua função e todos passaram a ter condição de cumprir qualquer função.  E no dia que marcamos nossa primeira roda do ano isso se mostrou bem construído, um momento atípico, noite, apenas um educador e as crianças e para minha surpresa não houve problema algum.

Roda de Capoeira Angola no Nossa Casa

Creio que quando pensamos em educação devemos entender que ela se instalará em todas as vidas, por toda a vida, sempre estaremos nos transformando e sempre estaremos elegendo referências que nos mostraram caminhos diversos que poderão ou não nos realizar.  Devemos entender que as práticas devem fazer sentido, porém esse sentido pode ser diferente do que o educador pensa e independente disso, deve ser respeitado e valorizado como mais um forma.
            A ritualização de todos os momentos contribui para que isso aconteça.  Transformamos obrigações como limpar a sala, em desejos, a Capoeira Angola.

Ricardo Avelar
Revisado por Carmem Pricila

sábado, 9 de julho de 2011

Missoshiro de nabo


Lave e corte 70gr de nabo de forma obliqua, em fatias de 3mm.
Cozinhe o nabo fatiado em 5 copos de água.
Dissolva 80gr de missô e bom apetite!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Memória Ancestral


A ONG Corpo Cidadão em parceria com a ACESA faz um trabalho com a Capoeira Angola direcionado a crianças de 7 a 12 anos da Escola Municipal Vila Fazendinha.  Além da Capoeira Angola, os educandos são contemplados com aulas de Dança Contemporânea, Dança de Rua, Artes Visuais, Música e Percussão.

Todos os anos trabalhamos com um tema que direciona as atividades.  Esse ano foi decidido o tema memória, e dentre as várias atividades ocorridas em torno dele, estamos realizando a Roda da Memória Ancestral.  Um momento de escuta dos mais novos às historias dos mais velhos.  Estamos convidando mestres populares que se reunirão conosco dia 14 de julho, quinta feira às 8:45hs e nos contarão de suas vivências.

Teremos também apresentações musicais dos educandos do Nossa Casa Sob regência dos Educadores Cristiano Souza e Antonio Carlos, o coral dos educandos da Escola Municipal Rubem Costa Lima num trabalho em parceria com o Instituto Kairós sob regência das educadoras Eda Costa e Wania Gregório.  

Uma exposição dos educandos de artes visuais do Nossa Casa sob coordenação da educadora Silvia Aroeira.

O encontro encerrará com uma Roda de Capoeira Angola coordenada pelo mestre João Angoleiro da ACESA.

Sejam bem vindos!!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CREME DE ARROZ INTEGRAL (À PRESSÃO)



- 1 copo americano de arroz integral
- 8 copos americano de água
- 1 colher de chá de sal marinho

            Lave o arroz e escorra a água.
            Coloque o arroz na panela de pressão e acrescente água.  Cozinhe-o em fogo forte.  Quando a válvula chiar, deixe em fogo brando durante 40 a 50 minutos.  Apague o fogo e, sem mexer na válvula, espere a pressão baixar.  Passe numa peneira.   Salpique gersal sobre o creme e bom apetite.
            A Película que fica na peneira pode ser usado na confecção de pães.